sábado, 28 de agosto de 2010

Partilha entre Pares

O Sucesso Colectivo na Base do Sucesso Individual

Por: Vitor M. Trigo
vitor.trigo@gmail.com
15 Dezembro 2008



Os gestores de RH gostam de definir Carreira como uma sucessão de conteúdos funcionais. Convenhamos que a nível académico a expressão soa bem, mas a nível de quem constrói a sua vida em redor do trabalho tem pouco significado. Mais clara, embora menos intelectual, se apresenta a definição de que carreira é uma escada que utilizamos para realização profissional e superação de objectivos de retribuição.
Esta escada tem degraus e estes servem para subir, estagnar e cair. Por vezes parecemos ignorar esta realidade. Igualmente ignoramos a largura dos ditos degraus, o que significa que parece que queremos ignorar que existem um limite real Aos movimentos ascensionais que todos julgamos merecer.
É este afunilamento que restringe a cooperação dos pares com receio dos estrangulamentos referidos – “Se o degrau estiver livre, então terei mais possibilidades de o utilizar”. Resultado: o melhor é não partilhar os meus trunfos com quem comigo compete pelo degrau.
Noutro artigo meu para este blog (Para Ter Sucesso, Partilhar É Fundamental), abordei a ideia da partilha em si mesma. Agora, restringindo mais o âmbito, proponho-me tratar a Partilha Entre Pares.
Desenvolver um plano de rede entre pares envolve mais riscos, exige mais habilidade, necessita de maior grau de confiança mútua e grande respeito entre os membros.
Ninguém imagina, por exemplo, que uma experiência orbital dispense completa partilha de interesses, conhecimentos e sentimentos entre os astronautas. Ou a outro nível, é difícil de conceber uma equipa de qualquer desporto colectivo com cada atleta a jogar para sua única projecção pessoal. Ou ramo de forças armadas convencido de que face a um ataque global do inimigo, pode dispensar a cooperação dos outros ramos, tentando ganhar a guerra sozinho.
O sentido de partilha é uma das manifestações mais paradigmáticas de Inteligência Colectiva (ver meus artigos anteriores sobre IC neste blog). Envolve significativo grau de Inteligências Emocional e Social. Eis alguns conselhos simples que contribuem para o ambiente de partilha saudável:

1. Dispense pressupostos e estereótipos;
2. Pergunte antes de concluir;
3. Colabore em vez de ajudar;
4. Apoie sem criticar.

Um ponto importante envolve o endereçamento dos outros. As relações multiponto são mais difíceis de tratar do que se as dividirmos em vários (os adequados) ponto-a-ponto. Não dispersam atenção nem implicam hierarquização de tratamento por critérios de gestão de tempo. Se o fizerem é por importância dos conteúdos inerentes a cada relação.
As tecnologias da informação aportam mais-valias que não podem ser negligenciadas, nomeadamente no que se refere a fóruns de opinião, discussão ou de repositório de conhecimentos. Existem, hoje me dia, ferramentas informáticas que ajudam a estruturar toda a informação relevante. Há, contudo, que acautelar algumas ameaças, a saber:

1. Classificação da documentação, protegendo quebras de confidencialidade;
2. Regras de acesso, evitando acessos não necessários (need-to-know);
3. Preparação de informação seleccionada para gestores conforme as suas responsabilidades, disponibilidade de tempo e conhecimentos informáticos

As melhores práticas têm de ser implementadas, os erros e os sucessos devem ser analisados em conjunto. Só assim as devidas lições podem ser capitalizadas e a organização se pode tornar “uma organização aprendiz”.
Inventar a roda, no mundo actual, é dar trunfos à concorrência. E isso ninguém quer.
Nas empresas de sucesso, os resultados pessoais derivam do desempenho grupal. E a cooperação entre pares é a base sustentável em que este sucesso se firma.

Sem comentários:

Enviar um comentário